TURQUIA INJUSTIFICADAMENTE MATOU 130 PESSOAS NO SUDESTE CURDO: Human Rights Watch
Wednesday, July 13th, 2016Cizre – O governo turco está bloqueando o acesso a investigações independentes sobre alegados abusos em massa contra civis em toda a região curda no sudeste da Turquia, disse o Human Rights Watch hoje. Os supostos abusos incluem assassinatos ilegais de civis, deslocamento forçado em massa de civis e destruição ilegal generalizada da propriedade privada. Além disso, o relatório confirma que as forças de segurança turcas dispararam contra civis que carregavam bandeiras brancas nas ruas.
“O governo deve imediatamente conceder ao Escritório das Nações Unidas do Alto Comissariado para os Direitos Humanos permissão para entrar na área e investigar de acordo com seus padrões”, disse o HRW.
Desde julho de 2015, com a quebra do processo de paz para encerrar o conflito de décadas entre o Estado turco e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a violência e os confrontos armados na região sudeste tem aumentado. Desde agosto, durante as operações de segurança, as autoridades impuseram toque de recolher em 22 cidades e bairros, impedindo organizações não governamentais, jornalistas e advogados de examinar essas operações ou quaisquer abusos resultantes pelas forças de segurança ou grupos armados.
Segundo a HRW, as autoridades bloquearam grupos de direitos – incluindo o Human Rights Watch, a Anistia Internacional e o Physicians for Human Rights – de tentar documentar abusos, mesmo após o toque de recolher e operações terminarem.
“O bloqueio efetivo do governo turco sobre áreas do sudeste alimentam preocupações de um grande encobrimento”, disse Emma Sinclair-Webb, pesquisadora sênior do Human Rights Watch da Turquia. “O governo turco deve dar à ONU e a grupos não-governamentais acesso imediato à região para documentar o que está acontecendo lá.”
A maioria das mortes, destruição e deslocamento em massa ocorreram em nove cidades, incluindo Cizre. Mais de 355.000 pessoas foram temporariamente deslocadas dentro das cidades, para outras cidades e vilas próximas, ou para outras regiões da Turquia. Pelo menos 338 civis foram mortos em locais onde os confrontos eclodiram entre as forças de segurança e as Unidades de Protecção Civil (YPS) ligada ao PKK, disse a HRW.
Além disso, uma lista de mortos compilada por advogados de Cizre mostrou que 66 civis, incluindo 11 crianças, foram mortos por tiros ou morteiros nas operações entre 14 de dezembro e 22 de fevereiro de 2015. “A informação disponível indica também que as forças de segurança cercaram três edifícios e realizaram o injustificado assassinato de cerca de 130 pessoas – as quais eram civis desarmados e combatentes feridos – presos nos estabelecimentos“, disse ao HRW.
Em 25 de dezembro, em uma área de Sur onde nenhuma barricada foi erguida e não há grupos armados operando, os membros das forças de segurança mataram com tiros um bebê de 3 meses de idade, Miray İnce, e seu bisavô de 82 anos, Ramazan İnce, disseram parentes das vítimas ao Human Rights Watch. “Quando a bebê Miray, neta do meu irmão Hasan, foi carregada por sua tia para descer as escadas do pátio, foram alvejados da colina oposta, onde os militares haviam colocado atiradores e veículos blindados. Miray foi atingida por uma bala”, Abdurrahman İnce (61) disse ao HRW.
“Relatos confiáveis de que forças de segurança turcas estão deliberadamente assassinando civis, incluindo crianças, quando eles estão carregando bandeiras brancas ou presos em prédios precisa fazer soar fortes alarmes”, disse Sinclair-Webb. “O promotor em Cizre deve conduzir uma investigação completa, eficaz, independente capaz de proporcionar justiça para as vítimas.”
Reportagem de: Wladimir van Wilgenburg
Fonte: ARA News
Tradução: CLAR